Como está o mercado de farinhas em 2024?
AGROLINK - Leonardo Gottems
Publicado em 25/03/2024 às 11:02h.
Embora os números finais do primeiro trimestre de 2024 ainda não estejam concluídos, os técnicos das principais empresas de pesquisa de campo já indicaram uma percepção de retração no mercado de farinha e subprodutos para este período, segundo a TF Agroeconômica. Essa análise coincide com os relatos coletados de diversos moinhos ao longo desta semana. Os dados finais serão tabulados na primeira semana de abril, após o término de março.
Nesse contexto, houve uma diminuição significativa nos volumes de trigo disponível para panificação e de moagem. Muitos moinhos, especialmente no interior, enfrentam dificuldades ao moer matéria-prima de baixa qualidade, resultando em farinhas de qualidade inferior a preços desfavoráveis. Isso gera pressão sobre os preços, mesmo para aqueles que possuem produtos de boa qualidade.
As margens de lucro estão muito reduzidas, quando positivas, o que não é sempre o caso. A percepção geral é de um declínio no consumo final das mercadorias, especialmente em produtos como biscoitos, embora as massas não tenham sido tão afetadas e o consumo de pão permaneça estável, sem aumentos significativos. Essa dinâmica tem levado ao aumento de estoques em supermercados e fábricas, cancelamentos ou parcelamentos de entregas de farinha junto aos moinhos e queda nos preços da matéria-prima, que não apresenta perspectivas de alta enquanto essa situação perdurar.
“Três grandes empresas aumentaram suas capacidades de moagem, comprando/arrendando outros moinhos, mas concentrando a decisão. Seis empresas, das quais 4 no litoral, agora detém aproximadamente 50% da moagem no país. Os restantes 50% estão espalhados nas demais 154 empresas moageiras”, comenta.
“Moinhos do litoral com grande vantagem competitiva, porque conseguem matéria-prima argentina de boa qualidade, CIF, isento de impostos (e até alguns incentivos) e frete reduzido a preços iguais aos moinhos do interior do país. Além disso, estão mais próximos dos consumidores, diminuindo os custos de logística. Desta forma, conseguem vender farinhas com lucro a preços muito baixos, tirando toda a competitividade dos moinhos independentes do interior do país”, completa.