Melancia sem edição genética seria "letal"

A polpa tinha "um alto teor de um composto chamado cucurbitacina"

Por: AGROLINK -Leonardo Gottems
Publicado em 05/09/2022 às 09:35h.

As sementes mais antigas conhecidas de um parente da melancia, que datam de 6.000 anos do período Neolítico, foram encontradas durante uma escavação arqueológica na Líbia. Uma investigação dessas sementes liderada pela bióloga Susanne S. Renner, da Universidade de Washington em St. Louis, revela algumas surpresas sobre como nossos ancestrais usavam um ancestral da melancia de hoje.

A polpa de melancia de 6.000 anos  era amarga e branca, e consumi-la poderia até  causar a morte. As sementes antigas foram encontradas em um sítio arqueológico chamado Uan Muhuggiag, no que hoje é o deserto do Saara, no sul da Líbia. Para revelar a origem das sementes, os cientistas usaram técnicas de “ arqueogenômica ”, a análise de genomas antigos.

A arqueogenômica é uma "máquina do tempo" e um "trabalho de detetive", segundo o pesquisador colombiano Óscar Alejandro Pérez-Escobar, principal autor do novo estudar e especialista em análise de DNA antigo e orquídeas do Jardim Botânico de Londres, Kew Gardens. "Quando se sequencia os restos de plantas com milhares de anos, a taxa de sucesso é muito baixa, geralmente um ou dois por cento do DNA dessas plantas pode ser recuperado", disse Pérez-Escobar à BBC Mundo.

Ao estudar quais genes estavam presentes nas sementes e saber quais características cada gene controla, os cientistas decifraram como era a melancia consumida há 6.000 anos. "Foi  assim que percebemos  que com alto grau de probabilidade  essa melancia era amarga e sua polpa era branca", disse Pérez Escobar.

A polpa também tinha "um alto teor de um composto chamado cucurbitacina , que é o que dá a algumas abóboras o sabor amargo. É um composto que, se consumido em quantidades significativas, pode levar à morte”.

“A cucurbitacina é encontrada principalmente em um grupo de plantas conhecido como Cucurbitaceae, que inclui abóboras, melões e melancias. A toxicidade desse composto se deve a uma adaptação para evitar danos causados por predadores”, conclui.

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