Venda do tabaco: produtores esperam por nova valorização nesta safra

“Estamos esperando uma boa venda novamente”, afirma moradora de Linha Tangerinas

Por: FOLHA DO MATE
Publicado em 05/01/2023 às 13:37h.

Em meio às negociações sobre o preço do tabaco e com nova reunião prevista para a metade de janeiro, muitos produtores de Venâncio Aires finalizam a colheita, o processo de cura e, consequentemente, estocam as folhas já secas. Nesse caso, tem tabaco ‘à pronta entrega’ e a expectativa, com a definição do preço, é pela comercialização, a partir da organização de cada indústria com os respectivos produtores.

Em Linha Tangerinas, Ana Paula Bittencourt, 34 anos, e o marido, Gilmar Ferreira, 36, vão colher a última fornada nesta sexta, 6, mas quase todo o tabaco que já passou pela estufa segue em casa. A expectativa por um bom preço é grande, pois na safra anterior o casal lembra que houve valorização. Além disso, eles já realizaram uma venda em novembro (20 arrobas) e entendem que a remuneração foi boa. “O preço ainda não está definido, mas nessa venda de novembro nos pagaram 20% em cima do valor do BO1 do ano passado”, revelou Ferreira.

Para esta safra, o casal decidiu plantar mais. “Conseguimos arrendar mais um pedaço de terra e, como a gente veio de uma safra muito boa, pensamos que esta também poderia ser. O frio judiou um pouco da lavoura, mas o fumo secou bonito de novo”, comentou Ana Paula, falando dos 50 mil pés plantados – 5 mil a mais que na temporada anterior.

Já o agricultor Heitor Pereira, de Linha Taquari Mirim, ainda não vendeu nenhum fardo. “Vamos vender um pouco e estamos esperando sim que as empresas valorizem um pouco mais. Olhando o que colhemos, esse fumo está melhor, tem qualidade.”

Projeção

Plantando tabaco há quase duas décadas, Jorge Reckziegel, 56 anos, de Linha 17 de Junho, também entende que será mais um ano de boas vendas. Mas isso, na opinião dele, passa por uma queda na quantidade produzida. “Pelo que tenho visto nas nossas andanças pelos Vales do Taquari e Rio Pardo, acho que vamos ter mais um ano de boas vendas. Foi plantado um pouco mais. Mas, principalmente nos locais tradicionais de fumo bom, estava bem inferior este ano. Acredito numa pequena quebra quantitativa de safra e isso remete a preço bom.”

Sobre o preço pago pelas indústrias, Reckziegel acredita num valor acima da tabela, mas ainda aquém da expectativa. “Acredito que a porcentagem de reajuste das empresas será abaixo da expectativa da maioria dos produtores. Acontece que os insumos baixaram em relação ao início da safra, aí, se ofertarem reajuste alto, não tem como voltar na safra seguinte. Isso leva a crer num reajuste em torno do levantamento de custos, mas provavelmente a compra será acima da tabela, como foi no ano passado”, projeta.

Negociação do preço

Está previsto para os dias 16 e 17 de janeiro, em Santa Cruz do Sul, um novo encontro para tratar sobre o preço do tabaco para a safra 2022/23. A primeira reunião, dia 19 de dezembro, encerrou sem acordo.

Conforme a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), no mês passado foram recebidas, individualmente, duas empresas cigarreiras e apenas a JTI propôs reajuste sobre a tabela de preços da safra passada, mas aquém da variação do custo de produção. A BAT não apresentou proposta.

Ainda de acordo com a Afubra, a proposta das entidades, no primeiro encontro, foi a variação do custo de produção mais cinco pontos percentuais para a lucratividade do produtor.

A comissão representativa dos produtores é formada pela Afubra e pelas Federações da Agricultura (Farsul, Faesc e Faep) e dos Trabalhadores Rurais (Fetag, Fetaesc e Fetaep) do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

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