Trigo argentino quebra forte: SOBE O PREÇO?

Baixa de 35% ante a previsão de 10 milhões de toneladas feita no mês passado

Por: AGROLINK -Leonardo Gottems
Publicado em 07/12/2022 às 08:13h.

A Bolsa de Grãos de Rosário, na Argentina, espera que a atual temporada 2022/23 registre as menores exportações de trigo em oito anos, destaca em comunicado o banco alemão Commerzbank. De acordo com a instituição financeira, essa projeção se deve ao resultado de uma safra reduzida por causa da seca severa que assola o país vizinho.

A expectativa, segundo a analista do banco Thu Lan Nguyen, é de que as vendas externas do cereal de inverno argentino alcancem apenas 6,5 milhões de toneladas. Isso representa uma baixa de 35% ante a previsão de 10 milhões de toneladas feita no mês passado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

Mesmo com a forte quebra de safra na Argentina – um dos principais produtores e exportadores mundiais – os preços do trigo seguem caindo. Qual é o problema? Diversos fatores estão pressionando as cotações, e o principal deles é o aumento da oferta mundial do cereal de inverno.

O analista sênior da Consultoria TF Agroeconômica, Luiz Pacheco, aponta que os futuros do trigo fecharam em baixa pela quarta sessão consecutiva em função da “expectativa de uma safra maior da Austrália”. O governo do país estimou uma produção de 36,6 milhões de toneladas, 145 mil toneladas a mais do que o previsto em setembro, e acima da última previsão do USDA, que é de 34,5 MT.

Além disso, diz ele, analistas consultados antes do relatório mensal WASDE (Estimativas de Oferta e Demanda Agrícola Mundial) mostram uma estimativa comercial média de 581,3 mbu (15,82 MT) de trigo de estoque final. Isso seria um aumento de 10,3 mbus (280,31 milt) em relação a novembro, se concretizado. A gama completa é ver entre 551 (14,99 MT) e 602 mbu (16,38 MT).

Por sua vez, a Consultoria AgResource projeta um “aumento modesto nos estoques e estoques e uso de exportadores de safras antigas, à medida que a produção russa aumenta e o mercado mundial total é reduzido. Ainda assim, o balanço do exportador de trigo vai apertar. A menor produção e estoques na Argentina compensarão parcialmente os maiores estoques projetados na Rússia”.

A AgResource sugere que o trigo “ainda não está pronto para um mercado baixista estrutural duradouro. É preciso ter cuidado ao empurrar os valores mundiais muito mais para baixo. Primeiro, uma repetição do rendimento incrível do ano passado na Rússia, 47 bushels por acre, 10% acima da tendência, é improvável”. 

“Além disso, chuvas excessivas na Rússia Central durante os meses de outono do Hemisfério Norte limitaram a semeadura do trigo de inverno. As semeaduras de trigo de inverno ucraniano cairão significativamente em meio a desafios de insumos, infraestrutura e mão de obra”, acrescentam.

“Mas a produção total do exportador em 23/24, assumindo as tendências de rendimentos, será 3 milhões de toneladas abaixo de 22/23. O total de suprimentos será uma quantidade semelhante. Mesmo supondo que não haja aumento no mercado, os estoques e uso do exportador de trigo continuam contraindo”, concluem. 

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