RS: feijão em falta em Venâncio Aires
Para atender a demanda atual, cooperativa precisaria mais do que dobrar quantidade média que lhe é fornecida
Por: FOLHA DO MATE
Publicado em 05/01/2023 às 14:57h.
O arroz está ‘ok’, mas a outra metade do prato básico na mesa do brasileiro já virou preocupação para a Cooperativa dos Produtores de Venâncio Aires (Cooprova). Trata-se da falta de feijão preto, produto, inclusive, embalado com marca própria da cooperativa e que é fornecido por ela em programas do Estado e do Município.
Segundo a vice-presidente da Cooprova, Mônica Moraes, atualmente 10 associados fornecem o grão, com quantidades que variam de 30 quilos a 600 quilos por agricultor. A média chega a 6 mil quilos, mas o volume fica muito abaixo para suprir o que já é demandado e mesmo alavancar o potencial de venda da cooperativa. “A prioridade é sempre a merenda escolar, mas até para ela pode faltar. Porque conversamos com os associados, sabemos o que pode render a colheita e a quantidade projetada não é grande”, destacou Mônica.
A Cooprova fornece alimentos para vários locais, entre elas a Penitenciária Estadual de Venâncio (Peva), que consumiu 4 mil quilos de feijão em três meses de 2022. Para 2023, a cooperativa ainda espera um chamamento da Susepe, para saber a quantidade fornecida ao longo do ano. Essa chamada pode demorar meses, como pode acontecer a qualquer momento. “Para o que poderíamos fornecer hoje, precisaríamos de 15 mil quilos por ano. Então esperamos que mais produtores nos procurem, seja para se associar, seja para venda direta. Compramos tudo legalmente e com nota.”
Preço
Conforme dados da Emater, Venâncio tem, atualmente, cerca de 50 produtores com potencial comercial, mas a maioria produz para consumo próprio ou vende diretamente. E é aqui que está um dos complicadores, porque a venda direta com preços acima de mercado acaba sendo concorrente à cooperativa. “Nós sabemos que o preço impacta. Mas precisamos considerar os valores que a cooperativa recebe dos programas, a logística e o custo para embalar o feijão”, avalia Mônica.
O processamento é feito na Cooperativa Leoboqueirense de Agricultores Familiares – Cooperlaf, de Boqueirão do Leão.
A vice-presidente da Cooprova também entende que o clima e a condição de investimento podem impactar na quantidade produzida em Venâncio. “Por causa dos últimos verões, muita gente ficou cautelosa com a estiagem e plantou menos ou nem plantou. E para fazer um plantio maior, esbarra na mão de obra e no maquinário, condições que complicam para o agricultor.”
Programas
A Cooprova fornece alimentos para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) de escolas municipais e estaduais de Venâncio Aires, para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) de Venâncio, Canoas e Lajeado, para a Penitenciária Estadual de Venâncio (Peva) e para o quartel de Santa Cruz do Sul.
Mas, devido à baixa oferta, o feijão que chega à cooperativa tem sido disponibilizado apenas para o Pnae e para a Peva. Conforme Mônica Moraes, se tiver uma produção maior, é possível colocar o produto também nos demais programas.
984436903 – é o telefone de contato da Cooprova.
Por que feijão preto?
O feijão embalado com a marca da Cooprova é o preto, tipo 1 e comum. Claro que entre os produtores de Venâncio Aires, outras classes e tipos são cultivados, mas, segundo Mônica Moraes, o foco da cooperativa é o preto.
“Hoje nós temos rótulos somente para feijão preto. Teríamos que mandar fazer embalagens e é tudo um processo. Tem que passar pela liberação da vigilância e estar de acordo. Quando foi feita a primeira vez, nós tínhamos mercado somente para as escolas e o exigido era o feijão preto.”